Salvador ocupa-se todos os anos de um grande evento festivo. Talvez o seu maior evento. O carnaval é uma época em que a cidade histórica com todos os seus marcos à invasão europeia, deixa de lado os guias turísticos e excursões a fortes e a igrejas para ceder espaço à cidade festa e traz para o centro das atenções seus astros e estrelas da música. Traz para o centro a alegria dos blocos carnavalescos e mostra o quanto sabe receber bem o turista, sobretudo o turista estrangeiro. A cidade é invadida literalmente mais uma vez, mas dessa vez alguns nativos fazem questão de desnudá-la, de sangrá-la e porque não dizer, bebê-la. Sim, bebê-la. Devorá-la liquefeita. É essa a impressão que se tem ao ver os foliões nas ruas e nos camarotes. Bebem (principalmente) cervejas como se estivessem bebendo a cidade. Como se na quarta-feira de cinzas não fosse mais possível sequer encontrá-la. Como se não fosse mais restar pedra sobre pedra. Talvez até fosse uma bênção se os foliões carnavalescos tivessem mesmo a intenção de colocar abaixo toda essa arquitetura "histórica" e pudessem reconstruí-la sem qualquer vestígio do império invasor depois da quarta-feira de cinzas.
Infelizmente isso é apenas uma festa. Ainda que seja considerada a maior do mundo, é apenas uma festa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário